domingo, 26 de junho de 2011

Figurativo e Abstrato

 Identificar essas categorias parece fácil, é só pensarmos que tudo aquilo que se parece com o que conhecemos no mundo natural faz parte da categoria figurativa e, ao contrário, tudo o que não se parece com o que podemos reconhecer no mundo natural, faz parte da categoria abstrata. Simples e direto. Para começar, está ótimo, mas será que isso dá conta de tudo aquilo que conhecemos em Arte Visual? Vamos exemplificar vendo as duas imagens, a seguir. Parece mais fácil ainda reconhecer essa diferença, vendo-as já nos sentimos especialistas. Mas será que isso basta? Acima temos uma obra de Perugino, artista do Renascimento italiano, que mostra bem as características figurativas: As pessoas, ambientes e coisas se parecem com o que conhecemos no mundo natural. Em baixo temos uma pintura de Peter Lanyon, esta nos revela as características do abstrato, ou seja, as formas e as cores não correspondem ao que conhecemos no mundo natural. Estas duas categorias podem ser suficientes para identificar, numa primeira aproximação, a aparência sob as quais algumas obras de arte se manifestam, no entanto, não são suficientes para esgotar todas as possibilidades das manifestações artísticas, daí temos que evocar outras categorias. Vamos ver mais uma obra e pensar se o que dissemos até agora é suficiente. Pelo que podemos ver temos alguns problemas, agora as imagens não se parecem muito com aquilo que conhecemos. Embora possamos ver que tratam de pessoas, ambientes e coisas, não se parecem com as pessoas, com as paisagens ou as com as coisas que conhecemos e que fazem parte de nosso convívio, mas ainda assim parecem se referir ao mundo que conhecemos. Acima temos uma paisagem de Eric Heckel, é estranha, parece que não faz parte desse mundo, ao invés de nos acalmar, como querem as paisagens bucólicas, nos deixa tensos. Ao centro, uma obra de Karel Appel, vemos três seres que mais se parece com “aliens” fugido de um filme de ficção científica e não com pessoas. E a Natureza Morta de Morandi, embaixo, também parece não nos servir para nada, talvez sejam coisas que nem funcionem. Qual é o problema? Precisamos nos lembrar que as Obras de Arte, produzidas a partir do final do século XIX e do início do século XX, optaram por não mostrar as pessoas, as paisagens ou as coisas como elas são conhecidas no mundo natural. Optaram por estabelecer uma diferença marcante entre as coisas do mundo e as coisas da Arte e assim tem sido até hoje. Coisas do mundo são coisas do mundo, coisas da arte são coisas da arte. Entretanto, isso não quer dizer que a Arte tenha que, obrigatoriamente, se manifestar assim, mas é um dos modos de dizer ao qual ela mais tem recorrido nas últimas décadas. Uma pergunta que não quer calar é a seguinte: Mas, porque essas imagens são assim? Antes não era mais “bonito”? As imagens não eram “belas”, agradáveis, sossegadas? Para a Grécia Clássica, para os Renascentistas ou para os Neo-Clássicos, o belo permeava suas concepções estéticas, o que não é o caso da arte contemporânea, mas devemos entender que as Obras de Arte querem nos falar. Elas têm algo a dizer e o modo como dizem é que trazem as cargas emocionais das quais ela está impregnada. Assim, podemos dizer que há momentos em que essas cargas emocionais são mais densas e tendem a mostrar rupturas, inconformismo, insatisfação e serem até agressivas. Um exemplo disso é a Guernica de Picasso que demonstra o inconformismo com o bombardeio, realizado pelo general Franco, da cidade de Guernica na Guerra Civil espanhola. Este é o modo que elas têm para dizer, isto é, carregando na imagem, nas cores, nos traços, nos temas e em outros detalhes que mobilizam nossa atenção, nos envolvem e até mesmo nos chocam. Estes são os modos de dizer, próprios da Arte Visual. Eles não precisam coincidir com o que vemos à nossa volta, não há mal nenhum em trabalharmos com imagens que não se parecem nada com a natureza, isso é até mais interessante do que simplesmente imitá-la. Vamos ver outras imagens: E agora, ficou mais confuso ainda? Essas obras são formadas por várias figuras geométricas: quadrados, triângulos, retângulos, círculos e linhas. A primeira à esquerda é de Wassily Kandinsky, a segunda é de Piet Mondrian, a terceira é de Max Bill. Podemos perguntar: Mas se estas figuras são identificadas por nós, isso não é figurativo? Se levarmos em conta que as figuras geométricas são nossas velhas conhecidas, pode ser. Entretanto, devemos nos lembrar que estas figuras têm nome por fazerem parte de uma construção intelectual humana, são produtos culturais e não produtos da natureza, portanto, são realizações humanas, logo, são figuras da cultura e não do mundo natural. Nesse caso, podemos continuar insistindo em chama-las de abstratas. Até demos nomes artísticos para elas: Abstracionismo Geométrico, Construtivismo, Neoplasticismo, cada um desses nomes nos remete a um movimento artístico do século passado com referencias específicas aos modos de pensar e fazer Arte. Mas porque essas obras têm essa aparência? Porque são tão organizadas, bem comportadas e delimitadas? Em geral, quando as obras mostram essa organização, revelam ocupação sistemática do espaço, podemos dizer que elas estão em busca de um mundo mais organizado, de um modo mais racional de manifestar o pensamento, de um modo mais elaborado. Por isso elas se parecem mais austeras, mais equilibradas e nada passionais, tampouco agressivas como aquelas que vimos anteriormente. Podemos concluir que esse é um outro modo de dizer da Arte, um modo racional que se contrapõe ao modo irracional ou passional. É só lembrarmos que as Obras de Arte Visual não contam com as palavras para dizerem o que pensam, então usam a sua forma para produzirem sentido

Instalação artística

Uma instalação (krafts) é uma manifestação artística onde a obra é composta de elementos organizados em um ambiente . A disposição de elementos no espaço tem a intenção de criar uma relação com o espectador. É uma obra de arte que só "existe" na hora da exposição, é montada na hora, e após isto é desmontada, sendo que de lembrança da mesma só ficam fotos e recordações.
Uma das possibilidades da instalação é provocar sensações: frio, calor, odores, som ou coisas que simplesmente chamem a atenção do público ao redor.